05 novembro 2013

A Primeira Vez

Eu tinha uns 13 anos. Quando eu tinha 13, acredite, não tinha internet e nós não sabíamos tudo sobre sexo ainda.
Um peitinho era título de Copa do Brasil. Mais do que isso, vamos a Tóquio!
Eu era virgem. Nunca tinha conseguido nem ver a porra de um filme pornô. Até que meus pais se separaram. Para minha sorte o primeiro interessado no passe da véia foi um dono de locadora.
O cara, nada bobo, quis ganhar os filhos dela.  Começou me emprestando fita de futebol. “Isto é Pele”, “Garrincha alegria do povo”, etc.
Até que um dia deixou uma caixa preta junto do filme do Maradona.
Minha mãe saiu, eu coloquei a fita no vídeo cassete e me preparei para a primeira vez.  Estava tenso, era épico! Eu ia VER uma chapuletada em movimento. Até então, só em revista, só foto.
E então o filme começa.
Entra uma moça em casa, olha pro marido e diz:
- Você comprou essa calça?
- Sim. Gostou?
- Não. Eu odeio poliester!
E em seguida ela cai de boca.
Levei uma semana imaginando que eu precisava de uma roupa de poliester urgente! Era fácil demais!
Até que veio outro filme. Neste, uma mulher levava seu carro ao borracheiro porque o pneu havia furado.
Ela entra, estaciona, o cara aparece todo fodido e sujo e diz: “Posso ajudar?”.
- Meu pneu tem problemas. Preciso troca-lo.
- Claro. E como pretende pagar?
Uhu! Peitocas ao vento, lá vem paulada!
Mas… como assim? É fácil assim?  Posso então ser borracheiro ou ter uma calça de poliester e tá tudo certo?
Estava.
Até que minha mãe chegou. Atrasada, irritada.
- Que foi, mãe?
- Nada. O pneu furou, tive que parar no borracheiro…
Ca-ra-ca…!!!
Minha infância nunca mais foi a mesma. Levei uns 2 meses pra entender que os borracheiros de verdade cobravam em dinheiro.
Ufa.
(Texto de Rica Perrone)