15 março 2016

Jogo Perfeito

Imaginava o jogo perfeito.
Dois times só de craques, todos executando suas funções no extremo da perfeição, acertando todos os passes e lançamentos, todos os dribles, cruzamentos, chutes, atacando e voltando, alternando posições, como duas companhias de balé se misturando no palco em articulada coreografia, se entremeando, aproximando, afastando, misturando, distribuindo-se, aglomerando-se, formando arranjos em torno da bola sem nunca ninguém errar nada.
Sabia que não daria certo. Porque os zagueiros também não falhariam. Nem os goleiros. Todos seriam espetaculares.
E, com isso, não haveria gols.
Seria um futebol maravilhoso, mas intransitivo.
O futebol conceitual. Platônico. Metafísico.
Mas sem gol.
E futebol sem gol não serve para nada.
Exceto para fruir na imaginação.
Mas era o que ele gostava.
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