17 abril 2016

Placar Humilhante

Montei o time com quatro zagueiros,
três volantes pelo meio,
os laterais e um no ataque
– um centroavante de araque.
A ordem era jogar bem fechadinho,
chegar junto, dar carrinho,
fazer cera e dar chutão.
Nada de toquinho, nem jogada,
só tentar bola parada
pra aproveitar a confusão
– nosso atacante é grandalhão.
Estávamos tomando um sufoco,
então reforcei um pouco
e tirei o centroavante
– botei um beque flutuante.
Tranquei ainda mais nossa defesa,
verdadeira fortaleza,
e mandei baixar o pau:
no craque deles logo deram quatro
(isso aqui não é teatro,
nem espaço cultural!)
– o cara era infernal!
Então o juizinho sem-vergonha
(um palerma, um pamonha)
expulsou meu capitão.
O sururu foi se configurando,
eu cheguei logo avisando:
vou te encher de bofetão!
Quando ele exibiu-me o vermelho,
dei-lhe um chute no joelho
e ele chamou a guarnição
– que me levou pro camburão.
Meu time ainda perdeu mais um zagueiro,
um lateral e o goleiro
pouco antes do intervalo
– o juizinho era um safado!
Os outros bem que lutaram bastante
mas o placar, tão humilhante,
mostra o assalto incomum.
O resultado foi um despautério:
terminou quatorze a zero,
um roubo claro, a olho nu!
– se ao menos fosse sete a um…
(Sete a um, eu me lembro muito bem.
Sete a um, eu me lembro muito bem).
(Texto de Luiz Guilherme Piva)