11 novembro 2016

Peladeiro

O jornalista Armando Nogueira quem contou, já faz tempo.
Um senhor, passado bem dos sessenta, caminhava no Aterro do Flamengo e parou pra assistir a uma pelada. Sentou-se num degrau e ficou vendo a molecada jogar.
Com alguns minutos, um dos garotos se machucou e saiu. Pra não acabar a partida, alguns deles começaram a pedir ao senhor que entrasse. Ele negou, falou da idade, que só queria assistir. Mas insistiram, disseram que era só pra completar, ficar parado na defesa e o jogo prosseguir.
Ele foi. Mas houve uma discussão constrangedora em qual time o “velho” entraria – que ficaria mais fraco do que o outro, diziam. Tiraram no par ou ímpar. Ele aguardou e foi pro time que perdeu a aposta.
Aí o Armando Nogueira descreve deliciosamente a sequência de lances que o senhor exibiu. Domínio, passes, toques, enfiadas, matadas de peito, tudo com refinada elegância, para pasmo da molecada e para alegria do seu time, que deu um passeio e ganhou de goleada.
Acabado o jogo, a molecada o cercou, elogiou, perguntou quem ele era, pediu que ele voltasse sempre. Nilton Santos sorriu, passou a mão na cabeça de alguns e foi embora.